Topo

Cristina de Luca

Filtro do Chrome bloqueará anúncios irritantes (até mesmo do próprio Google)

Cristina De Luca

05/06/2017 12h51

O Google se prepara para, a partir de 2018, deixar de exibir "anúncios irritantes". Ao menos é o que informa Sridhar Ramaswamy, vice-presidente sênior de anúncios e comércio da empresa, em uma publicação datada de 1 de junho.

Nela, o executivo explica a nova estratégia do Google para lidar com anúncios como parte de um esforço para construir "uma web melhor para todos" e revela a adesão do Google à Coalition for Better Ads, iniciativa da indústria dedicada a melhorar a qualidade dos anúncio online. Facebook, News Corp, Unilever e outros grandes anunciantes e publishers também fazem parte do grupo, que busca criar "orientações claras, públicas e orientadas a dados" para melhorar as propagandas dirigidas aos consumidores.

Com base em uma pesquisa recente, envolvendo mais de 25 mil consumidores nos quatro continentes, a coalizão criou o Better Ads Standards que, por sua vez, serve de base para o novo relatório de experiência de anúncios do Google.

A pesquisa foi usada pelo Google para definir o que torna um anúncio irritante ou de baixa preferência, como:

Anúncios que interrompem – Imagine clicar em um artigo de tempo real e um anúncio forçar você a esperar dez segundos antes de poder lê-lo. Os anúncios que perturbam o fluxo de informações – particularmente em dispositivos móveis – geralmente são classificados como os mais irritantes para os consumidores. A pesquisa descobriu que 74% dos usuários móveis consideram anúncios que interrompem o acesso ao conteúdo (como pop-ups) extremamente ou muito irritantes.

Anúncios que distraem – Leva apenas alguns segundos para que as pessoas decidam se o seu site vale a sua atenção. As animações intermitentes e os anúncios sonoros distraem automaticamente as pessoas durante esses primeiros segundos críticos e podem levá-las a abandonar seu site. Essas experiências são extremamente perturbadoras nos ambientes web no desktop e nos dispositivos móveis.

Anúncios que que bagunçam tudo – Quando uma página está atolada com os anúncios leva mais tempo para carregar, e isso torna mais difícil para as pessoas encontrarem o que estão procurando. Exibições de anúncios de alta densidade em dispositivos móveis criam experiências mais lentas do que sites com anúncios menos densos e menos recursos criativos.

Para barrar esses tipos de anúncio, a empresa decidiu mexer na forma como o Chrome passará a exibi-los.  Ramaswamy explica: "Em diálogo com a Coalizão e outros grupos da indústria, planejamos que o Chrome interrompa a exibição de anúncios (incluindo aqueles servidos pelo próprio Google)  que não sejam compatíveis com os Padrões de Melhores Anúncios, começando em 2018."

Não está claro, no entanto, se o novo bloqueador de anúncios seria uma opção que os usuários poderiam desativar ou um recurso padrão incorporado ao mecanismo de renderização que alimenta o navegador.

Além disso, na visão do Google os publishers passarão a poder mostrar aos visitantes que hoje já usam bloqueadores de anúncios, uma mensagem personalizada convidando-os a habilitar anúncios aderentes ao modelo ou a pagar para que todos os anúncios sejam removidos através da nova ferramenta. As opções de financiamento estarão disponíveis, inicialmente, para editores na América do Norte, Reino Unido, Alemanha, Austrália e Nova Zelândia e serão lançadas em outros países no final deste ano.

"Acreditamos que essas mudanças vão garantir que todos os criadores de conteúdo, grandes e pequenos, possam continuar tendo uma forma sustentável para financiar o seu trabalho com publicidade online", diz Ramaswamy no texto.

Esta fala talvez explique o fato do Google, que tem a maior parte do seu lucro gerado através da publicidade online, estar implementando um bloqueador. Os usuários do Chrome sabem que existem várias extensões de bloqueio de anúncios disponíveis na Chrome Web Store, mas a maioria deles adota uma abordagem tudo ou nada, o que, obviamente, afeta a receita das plataformas digitais.

Os parceiros de mídia do Google terão acesso a uma ferramenta que informará se seus anúncios se enquadram ou não entre os considerados  "inconvenientes, ou irritantes".

A ver.

Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.