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Cristina de Luca

Startups focadas em Realidade Aumentada crescem 60% no primeiro semestre

Cristina De Luca

26/07/2017 08h55

Venture Reality Fund acaba de apresentar o  cenário de Realidade Aumentada (RA) para o segundo trimestre de 2017, e a pesquisa mostra que 150 empresas estão concentradas em uma ampla gama de tecnologias. Um aumento de 60% em relação ao primeiro trimestre, quando a indústria testemunhou vários movimentos notáveis ​​dos principais players, incluindo o Facebook e a Apple, que levaram imediatamente a um aumento robusto na atividade dos desenvolvedores.

A atividade no segundo trimestre foi mais forte nas áreas de infraestrutura de dispositivos e desenvolvimento de ferramentas  (SDKs), indicando que a RA ainda está evoluindo como uma indústria. Esses esforços continuarão a ajudar a avançar o crescimento de aplicativos para consumo e uso empresarial nos próximos trimestres, segundo Tipatat Chennavasin, co-fundador do Venture Reality Fund, em um comunicado para o mercado.

Cenário
Em cinco anos, a Realidade Aumentada poderá significar um mercado de 46 bilhões de dólares, enquanto a Realidade Virtual (RV) poderá  atingir valores próximos a 15 bilhões de dólares, segundo a  ABI Research, que prevê ainda que a Realidade Aumentada vai impor-se no mundo empresarial e a Virtual no setor de consumo ou de tecnologia pessoal. A recente aparição da Enterprise Edition (EE), do Google Glass, está bem alinhada com este pensamento.

A consultoria estima que a RA pode gerar 115 bilhões de dólares quando são incluídos software, hardware, publicidade e outras categorias associadas. Na mesma linha, calcula que os dispositivos de RV vão gerar uma fatia de 15 bilhões de dólares em 2021, com vendas de 67 milhões de dispositivos móveis com a tecnologia.

Segundo pesquisas da Goldman Sachs,  o alcance dessas tecnologias irá muito além de jogos. Até 2025, a venda de imóveis, o varejo e o atendimento de serviços de saúde usarão pesadamente aplicações de RV/RA, em que imagens virtuais e objetos digitais criarão um mundo paralelo para o consumidor.

O Gartner indica que antes disso, em 2020, 100 milhões de pessoas já estarão fazendo compras em aplicações RV/RA que projetam o efeito de uma maquiagem no rosto da consumidora, o caimento de uma roupa em seu corpo. Nesta mesma data, segundo o instituto de pesquisa BI Intelligence, o mercado global (aplicações, infraestrutura de software, hardware e telecomunicações) de RV/RA atingirá a marca dos US$ 162 bilhões.

De acordo com o mapeamento do Venture Reality Fund, o mercado mostra cada vez maior capacidade de crescimento e aceleração de implementação, em virtude da redução de custos e da otimização da acessibilidade do dispositivo, nota. Somando RA e RV, o fundo avaliou mais de 2 mil empresas no mercado americano que atendem a determinados critérios de financiamento, receita, cobertura geral e / ou grandes parcerias. O fundo tem US $ 50 milhões para investir nas tecnologias.

Google a Microsoft em evidência
Analistas de mercado dizem que o elevado preço médio de venda dos dispositivos de Realidade Aumentada é o principal entrave para a sua expansão no mundo do consumo.

Mas ainda assim "deverão ter uma taxa de crescimento superior em relação aos dispositivos portáteis de RV" diz Eric Abbruzzese, analista sênior da ABI Research. A consultoria prevê vendas de 27 milhões de unidades de óculos de RA em 2021. Crescimento fomentado por setores como indústria, saúde ou defesa.

Muitos observadores seriam capazes de apostar todas as suas fichas na tese de que o sucesso da Realidade Aumentada será impulsionado pela Microsoft e pela Magic Leap. Outros, no entanto, apostam suas fichas no domínio do Google e da Apple.

Na opinião do pessoal do Venture Reality Fund, no entanto, a Microsoft HoloLens e o Google Tango ajudaram a estabelecer as bases e a educar o mercado sobre as capacidades da AR, apesar da distribuição limitada de seus kits de desenvolvedores. O avanço adicional dessas plataformas é esperado no futuro próximo, em resposta ao ARKit da Apple.

A avançada tecnologia Tango do Google provou fornecer uma experiência capaz de aumentar todo o espaço em torno de um usuário. No entanto, a fragmentação existente dentro do ecossistema Android dificulta o desenvolvimento rápido e a adoção mais ampla do Tango.

Para muitos, os melhores produtos Tango ainda estão por vir. Aparecerão sob a forma de novos smartphones, novos aplicativos e novos periféricos de Realidade Aumentada.

O que é mais surpreendente no Projeto Tango, no entanto, é que o Google já provou que o mapeamento sofisticado para Realidade Aumentada é barato o suficiente para ser oferecido em um smartphone de 500 dólares.

A Apple correndo por fora
Outros analistas de mercado dizem que a  Apple também tem chances de ter um papel dominante nesse cenário.  Simona Jankowski, da Goldman Sachs e Ming-Chi Kuo, da KGI Securities, estão entre eles.

O CEO da Apple, Tim Cook tem falado muito sobre sua animação com a tecnologia. E suas falas, por si só, são dignas de nota, porque Cook raramente demonstra entusiasmo com tecnologias emergentes.

Estou entre as pessoas que acreditam que a Apple entrará no negócio de óculos inteligentes a partir do iPhone 8. Não ficaria surpresa se a primeira incursão da Apple em Realidade Aumentada fosse um simples display HUD embutido em alguns óculos de moda, um recurso de detecção de imagem em 3D para o iPhone 8, ou ambos. Razão da empresa ter dado grande destaque para o lançamento do ARKit durante a última WWDC, no início de junho. A ideia é permitir que os  desenvolvedores de apps consigam trabalhar ainda melhor em ambientes de RA para o iOS 11.

Segundo as demonstrações, os apps criados com o ARKit conseguirão usar visão computacional para identificar superfícies reais e adicionar objetos 3D a elas. Ou seja, farão com que os objetos virtuais pareçam estar posicionados em espaços reais, em vez de simplesmente pairarem no ar como acontece atualmente. Com isso será possível criar aplicações RA nas quais textos ou objetos gerados por computador interajam com objetos do mundo real, sem o uso de headsets pesados e caros. Algo perseguido também pelo Facebook.

Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.