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Cristina de Luca

Facebook cria regras para evitar financiar e impulsionar fake news

Cristina De Luca

13/09/2017 20h35

Já não era sem tempo. Muito pressionado em relação à propagação de falsas notícias e discursos extremistas na rede social, o Facebook anunciou hoje regras mais duras sobre quem poderá ganhar dinheiro com anúncios em sua rede. A ação é, sobretudo, uma resposta às críticas de que é muito fácil para criadores de notícias falsas e manchetes sensacionalistas ganhar dinheiro na plataforma.

Seguindo o exemplo do que já fez o Google, no YouTube, depois que grandes marcas como Coca-Cola, Verizon e Johnson & Johnson suspenderam o investimento publicitário devido a exibição de seus anúncios lado a lado com conteúdos potencialmente ofensivos, o Facebook decidiu deixar mais claro quem poderá ganhar dinheiro na plataforma, e como.

Na prática, usuários que violarem repetidamente as novas diretrizes, criando clickbait, conteúdo sensacionalista ou fake news, perderão o direito de rentabilizar esse conteúdo, disse Nick Grudin, vice-presidente de Parcerias de Mídia do Facebook. "Tenha em mente que, mesmo que seu conteúdo seja elegível para anúncios, algumas marcas e anunciantes podem optar por usar os controles de brand safety para adaptar o local onde seus anúncios são exibidos", disse Nick Grudin em um post dirigido aos parceiros.

O objetivo do Facebook é, claramente, tentar solucionar de uma única tacada seus problemas de transparência e segurança das marcas, dando aos anunciantes dados confiáveis ​​sobre suas campanhas publicitárias e estabelecendo regras básicas para ganhos com a exibição de publicidade, especialmente no novo hub de vídeo da rede social chamado Watch e nos Instant Articles.

A equipe da rede social acredita que os padrões apresentados hoje fornecerão uma orientação mais clara sobre quais editores e criadores são elegíveis a ganhar dinheiro na rede social e quais conteúdos poderão ser monetizados. E que os novos relatórios pós-campanha, capazes de identificar claramente onde os anúncios foram veiculados, ajudarão a restabelecer a confiança das marcas na plataforma.

Para usar os recursos de monetização do Facebook, os editores devem cumprir suas políticas e termos, incluindo seus  Padrões Comunitários ,  Termos de Pagamento e  Termos de Página.

"Esses padrões se aplicam a apresentação de anúncios onde o contexto importa", escreveu a vice-presidente sênior de soluções de marketing globais da empresa, Carolyn Everson, em um post já denominado pelo mercado como "manifesto de brand safety".

"Nós queremos que nossos parceiros tenham todas as informações e ferramentas que  precisam para se sentirem confiantes ao anunciarem no Facebook", afirmou Everson.

Vale lembrar que, em agosto, o Facebook já havia informado que além de não permitir  aos anunciantes a exibição de anúncios relacionados a histórias que foram marcadas como falsas por organizações de verificação de conteúdo, passaria a proibir também que páginas que compartilhassem repetidamente histórias marcadas como falsas continuassem anunciando na rede. Só não havia dito a partir de quando.

As mudanças surgem após  revelações de que especialistas russos em desinformação usaram o Facebook para influenciar os eleitores durante as últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos.

"Ao analisar os anúncios comprados entre junho de 2015 e maio de 2017, descobrimos cerca de US $ 100 mil em investimento publicitário associado a aproximadamente 3 mil anúncios conectados  a cerca de 470 contas falsas e páginas de autenticidade não comprovada, que violavam nossas políticas", escreveu o chefe de segurança do Facebook, Alex Stamos, em um post na semana passada. "Nossa análise sugere que essas contas e páginas foram relacionadas umas às outras".

A grande maioria dos anúncios  não fazia referência às eleições presidenciais dos EUA, à votação ou a um candidato em particular. Se concentravam em impulsionar mensagens sociais e políticas conflitantes em todo o espectro ideológico, baseadas em conteúdos referentes  a raça, orientação sexual, etc.

Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.