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Cristina de Luca

Mais de um terço dos consumidores rejeita o reconhecimento facial no iPhone

Cristina De Luca

04/10/2017 22h23

A tecnologia de reconhecimento facial está ficando muito melhor, mas isso não significa necessariamente que já tenha conquistado os consumidores. Pesquisa realizada pela Morning Consult, ouvindo 2,2 mil adultos dos EUA, revela que apenas uma minoria aprova o uso da tecnologia em dispositivos móveis como o iPhone X e o Samsung Galaxy S8.

Os resultados do estudo revelam que mais de um terço (39%) dos consumidores entrevistados são desfavoráveis ​​ao reconhecimento facial. Pouco mais de um terço (34%) são favoráveis. E cerca de um quarto (26%) não sabem ou não têm opinião.

A aprovação da tecnologia é maior entre os homens e as faixas etárias até 64 anos. Acima dos 64 anos há uma maior resistência ao uso da tecnologia.

O reconhecimento facial também faz com que mais da metade (56%) dos consumidores se preocupem com sua privacidade e pouco mais  de 76%  com o roubo de identidade.

Crescimento
No início, o reconhecimento facial era uma tecnologia restrita a ambientes de alta segurança, mas hoje vai muito além. Está começando a se tonar mainstream. "E se popularizando graças aos avanços tecnológicos recentes, que aumentaram a precisão do sistema de reconhecimento, mesmo que a pessoa esteja usando chapéu, óculos escuros e outros artifícios para enganá-lo", explica Andrei Junqueira, gerente de Vendas da Axis Communications.

O cruzamento da imagem do rosto de clientes com um banco de dados pode permitir que varejistas, hotéis e bancos identifiquem rapidamente aqueles candidatos a um tratamento VIP, por exemplo. Possibilita aplicações para controle de entrada e saída em ambientes, abertura de conta corrente mobile, realização de prova web, ações antifraude, relacionamento com cliente, controle de ponto remoto, atendimento personalizado e por aí vai.

Além disso, reconhecer a expressão facial está se tornando uma ferramenta poderosa de Business Intelligence. Um shopping center na Finlândia, chamado Rajalla På Gränsen, entrou para a vanguarda do Varejo mundial depois de adotar tecnologias que analisam o gênero, idade aproximada e até expressões faciais de quem circula pelos corredores.

No Brasil, durante a Rio 2016, o sistema utilizado pela Receita Federal em aeroportos internacionais com grande fluxo de passageiros auxiliou na identificação de aproximadamente 20 mil pessoas selecionadas por critérios eletrônicos de risco durante no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), apenas no mês de realização dos jogos. A ferramenta identifica foragidos e suspeitos de contrabando e tráfico de drogas em questão se segundos, por meio de traços do rosto. Nem os disfarces são suficientes para tentar enganar o sistema, que cruza as informações das câmeras com bancos de dados do próprio governo brasileiro e de órgãos de inteligência, locais e internacionais, como o do FBI e o da Interpol.

A ferramenta já está em operação em 14 aeroportos brasileiros: Brasília, Confins (Belo Horizonte), Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Foz do Iguaçu, Galeão (Rio de Janeiro), Guarulhos, Manaus, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Gonçalo do Amarante (Natal) e Viracopos (Campinas).

O Uber usa o reconhecimento facial em tempo real na China e na Índia, para que os passageiros possam identificar os motoristas antes de entrar no carro e verificar se eles não são impostores ou criminosos em busca de turistas desavisados.

Os navios de cruzeiro também estão adotando a tecnologia de reconhecimento facial para que os passageiros façam compras sem levar cartões de crédito.

E os Estados Unidos estão cada vez mais usando reconhecimento facial para licenças de motorista e carteiras de identidade. Um resultado inevitável é que quando um suspeito afirma não ter nenhuma identificação, uma foto de rosto é o suficiente para identificá-lo.

Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.