Especulação em torno de prováveis aquisições da Apple agita o mundo digital
Ao apagar das luzes de 2017, dois analistas da empresa financeira Citi Research, Jim Suva e Asiya Merchant, emitiram uma nota a seus clientes na qual afirmam que a Apple tem 40% de chances de comprar a Netflix, informa a Business Insider. No fundo, tudo não passa de mera especulação de mercado. Com qual intenção, difícil saber.
Segundo os analistas do Citi, desde o último ano a Apple tem demonstrado interesse em ingressar no mercado de streaming e acirrar a concorrência que já está consideravelmente aquecida depois que a Disney anunciou a retirada de seu conteúdo da Netflix e o investimento em seu próprio serviço de transmissão, em 2019. Para isso, a Disney comprou a Fox e adquiriu também uma fatia majoritária no Hulu, serviço rival da Netflix nos Estados Unidos. Além disso, corre no mercado que o Facebook também estaria trabalhando em sua própria plataforma de streaming.
Para concorrer, a Apple precisa se mexer. Nos últimos anos, a empresa de Cupertino vem tendo dificuldades em oferecer um serviço competitivo de TV ou de filmes. O iTunes teve algum sucesso, mas os usuários migraram depois para serviços de streaming como Netflix, Amazon Prime Video e Hulu. Então faz sentido que ela pense em investir numa empresa forte para conquistar uma fatia considerável de mercado.
Hoje, o Netflix é o grande rival a ser batido… Ou se faz isso melhorando a própria condição concorrencial, como fez a Disney, ou tentando uma aquisição amigável ou hostil. Na forma amigável, o adquirente faz uma oferta para o Conselho de Administração, que faz uma recomendação aos acionistas. Na forma hostil, o comprador faz a oferta diretamente para os acionistas, ignorando o Conselho. Os próprios acionistas decidem o que fazer com suas ações.
Teoricamente, dinheiro para fazer uma oferta a Apple vai ter, segundo os analistas do Citi. Eles sustentam sua análise na tese de que, com a nova legislação de incentivos fiscais aprovada pelo Congresso americano, a Apple pode repatriar até US$ 250 bilhões (montante que cresce US$ 50 bilhões ao ano), pagando uma taxa baixa de imposto (10%). "Historicamente, a Apple evitou repatriar dinheiro para os EUA para evitar grandes taxações. Por isso, a reforma tributária pode permitir que a empresa coloque o dinheiro em uso", dizem os analistas na nota.
Esse dinheiro, segundo eles, pode ser gasto para abrir um mercado novo no qual a companhia já tenha interesse, ou ampliar participação em um segmento onde ela venha enfrentando problemas. O streaming se encaixa nos dois casos. Mas segundo os próprios analistas do Citi, também é possível que esse dinheiro seja investido no mercado de videogames — com a Apple comprando a Electronic Arts — ou, ainda no mercado de veículos autônomos. E aí a candidata seria a Tesla, na opinião deles.
Outras grandes empresas também são citadas como alvos potenciais da Apple no documento. A Disney, por exemplo, aparece com chances de aquisição entre 20% e 30%, embora o documento tenha sido escrito antes de a Disney comprar os ativos de TV da Fox. E esse foi um dos motivos da nota ter provocado certo ceticismo, com muitos analistas observando que os colegas do Citi não usaram informações internas, e até públicas, da Apple ou das demais empresas citadas, para fazer suas previsões.
"Seria chato e óbvio dizer aos seus clientes que a Apple continuará fazendo aquisições menores (como a compra do Shazam no mês passado ), ou aumentando os gastos com pesquisa e desenvolvimento e comprando ações. É muito mais divertido dizer que fará algo emocionante como comprar Netflix, Disney ou Tesla", criticou Karl Kaufman, em artigo para a Forbes.
Vale lembrar que, no fim de dezembro, a Apple anunciou a aquisição da empresa canadense Vrvana, fabricante do headset de Realidade Aumentada Totem, por US$ 30 milhões. E a companhia também já anunciou planos para produção de vídeo. Segundo reportagem do Wall Street Journal, a Apple deve investir cerca de US $ 1 bilhão para adquirir e produzir conteúdo original este ano.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.