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Cristina de Luca

Dez mil moderadores garantirão a perfeita exibição de anúncios no YouTube

Cristina De Luca

17/01/2018 00h36

A segurança das marcas em primeiro lugar! E para garantir que o YouTube  seguirá sendo um local seguro para a exibição de propaganda, o Google anunciou hoje grandes mudanças em três áreas: o Programa de parceiros (YPP), o Google Preferred e, os controles que darão às marcas maior transparência sobre como os produtores de conteúdo estão sendo remunerados.

A maior mudança afeta o Google Preferred, serviço originalmente criado para garantir a presença das marcas em 5% dos canais mais vistos, seguidos, compartilhados e influentes do YouTube. Esses canais (cerca de 9 mil, no total) são classificados como "superiores" na plataforma, por possuírem spots publicitários e banners mais caros, justamente por serem os mais populares.

De acordo com o Google, serão impostos critérios mais rigorosos para definição dos vídeos que poderão receber publicidade e criados novos processos de verificação para garantir que esses vídeos não sejam ofensivos.

Além de alterações nos algoritmos, o YouTube vai cumprir a promessa, feita no fim do ano passado, de colocar 10 mil moderadores e desenvolver soluções em Inteligência Artificial para tentar identificar com maior precisão os vídeos considerados inadequados para a exibição de anúncios.

Em outra palavras, esse verdadeiro exército vai revisar milhares de horas de conteúdo publicado nos canais mais populares e estabelecer novos limites sobre quais vídeos poderão receber propaganda.

Os responsáveis por fiscalizar os conteúdos terão permissão para retirar do ar vídeos que violem as políticas de privacidade da empresa. Espera-se que essa medida diminua a publicação de conteúdos ofensivos e chocantes, como aconteceu nas polêmicas recentes envolvendo os youtubers PewDiePie e Logan Paul.

Logan Paul foi expulso do Google Preferred depois de publicar um vídeo com imagens de uma pessoa que aparentemente cometeu suicídio no Japão.

Revisar o conteúdo manualmente vem se tornando uma prática importante para as empresas de tecnologia que vendem publicidade ao lado do conteúdo gerado pelo usuário. O Facebook que o diga. Os algoritmos têm miseravelmente falhado na tarefa de assegurar que anúncios não apareçam onde não deveriam. Ou que determinados conteúdos, como as fakes news, não sejam liberadas para impulsionamento.

Maior rigor
No ano passado, o YouTube conseguiu contornar uma crise com os anunciantes. Em abril, após boicotes de grande anunciantes, elevou o limite para dividir a receita com criadores de vídeos, exigindo que esses sites tivessem pelo menos 10 mil visualizações. Agora, o Google só liberará publicidade para canais do YouTube com mais de 1 mil assinantes e 4 mil horas de visualização acumuladas ao longo de um ano. Criadores que não atenderem a esses novos padrões serão removidos do YPP a partir de 20 de fevereiro, para permitir um período de carência de 30 dias.

Embora tenha experimentado uma breve queda no volume de anúncios de marcas e agências de primeira linha, em 2017, as vendas voltaram ainda mais fortes, e esses anunciantes pagaram ainda mais pelo posicionamento do Google Preferred.

HSBC, Lloyds, Royal Bank of Scotland, Marks's&Spencer, McDonald's, BBC, Sainsbury's, Argos, Sky, The Guardian e Vodafone foram algumas das empresas que há aproximadamente um ano cortaram investimento no Google como forma de protesto pelo fracassado algoritmo que associava anúncios de grandes empresas a vídeos de conteúdo racista e extremista.

"O limite ajudou a delimitar os conteúdos elegíveis à publicidade, e verificar se os canais seguiam, de fato, as diretrizes e políticas do YouTube. Mas ficou claro, nos últimos meses, que precisamos de um padrão mais alto", disse Robert Kyncl, diretor de negócios do YouTube .

"Não há como negar que 2017 tenha sido um ano difícil, com várias questões que afetam nossa comunidade e nossos parceiros de publicidade", afirmou Paul Muret, vice-presidente do Google, em post publicado no blog do AdWords.

"Isso parece um novo nível de compromisso", disse Eric Reynolds, diretor de marketing da Clorox Co, em entrevista à Bloomberg.

Infelizmente, as mudanças só foram feitas após um novo boicote de anunciante provocado por comentários inapropriados em vídeos com crianças. O YouTube suspendeu centenas de contas, tirou mais de 150 mil vídeos da plataforma e desativou os comentários em mais de 625 mil vídeos visados ​​por pedófilos.

Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.