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Cristina de Luca

Facebook fará pesquisa para priorizar notícias de fontes confiáveis

Cristina De Luca

19/01/2018 21h35

Atualizada em 20/01/2018

Mark Zuckerberg anunciou nessa sexta-feira, 19/1, a segunda grande mudança pela qual o News Feed do Facebook passará este ano.  Após o freio de arrumação anunciado na semana passada, com a decisão de limpar o feed de notícias e conteúdos noticiosos e de marcas privilegiando os conteúdos pessoais, a rede social priorizará a exibição de notícias de fontes confiáveis. As notícias locais e as consideradas informativas também serão priorizadas. "Depois destas mudanças, esperamos que as notícias respondam por cerca de 4 % do News Feed", disse Zuckerberg.

Para definir quais meios de comunicação continuarão aparecendo, o Facebook fará uma pesquisa entre seus usuários, começando pelos Estados Unidos. Alguns usuários americanos já foram convidados a classificar a confiabilidade dos sites de notícias que aparecem na rede social.

Será que dá para confiar nos critérios da maioria dos leitores? E de delegar a tarefa à sabedoria das multidões?

Alexis C. Madrigalas, em artigo para o The Atlantic, faz outras duas perguntas-chave nesse processe: A pesquisa com os usuários será o único determinante da credibilidade de uma publicação? As organizações de mídia poderão conhecer e contestar suas classificações?

"A difícil questão com a qual lutamos é como decidir quais fontes de notícias são amplamente confiáveis ​​em um mundo com tanta divisão", escreveu Zuckerberg. "Nós poderíamos tentar tomar essa decisão nós mesmos, mas isso é algo com o qual não estamos confortáveis. Consideramos pedir peritos externos, o que tiraria a decisão de nossas mãos, mas provavelmente não resolveria o problema da objetividade".

"É uma jogada absolutamente positiva para começar a tentar separar o joio do trigo em termos de reputação e usar marcas como proxies para a confiança", disse Jason Kint, diretor executivo do Digital Content Next, um grupo comercial que representa alguns publishers, incluindo o New York Times. "Mas o diabo está nos detalhes sobre como eles vão realmente executar isso", completou o executivo, em entrevista ao jornal.

Na verdade, me parece mais um remendo imperfeito. Mas ao menos esse talvez possa, de fato, ajudar a reduzir a quantidade de fake news na rede. Reduzir, afirmo. Acabar? Dificilmente. Embora ajude a não impulsionar as fakes news, artificialmente, restringindo as notícias falsas às bolhas, essas, por  si só, já são capazes de fazer um bom estrago, pulando de grupo em grupo. Só a educação digital, buscando conscientização, consciência crítica e o apelo para o desconfiômetro, é capaz de diminuir o impacto das mentiras que circulam na rede.

O próprio Zuckerberg reconhece que "há muito sensacionalismo, desinformação e polarização no mundo de hoje". E que "a mídia social permite que as pessoas espalhem informações mais rapidamente do que nunca". "Se não tratarmos especificamente desses problemas, acabamos amplificando-os", escreve ele.

Caiu a ficha? Ou é só medo de uma possível regulação, como já aconteceu na Alemanha?

Ah, importante: Além da priorização das fontes, o Facebook diz que continuará considerando a decisão dos usuários em relação às histórias que gostariam de ver no topo de seus News Feed, através do recurso See First (Ver Primeiro).

Como você faz isso? Clicando na setinha lá no alto, no menu superior. Na janela aberta, selecione a opção "Preferências do Feed de Notícias". Depois, a opção "Priorize quem ver primeiro". A partir daí, faça a sua seleção, com base em sugestões apresentadas pelo próprio Facebook.

É uma das formas de tentar treinar o algoritmo para as nossas preferências.

 

Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.