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Cristina de Luca

Congresso quer fintechs atuando na oferta de microcrédito

Cristina De Luca

07/02/2018 20h19

Uma comissão mista da Câmara e do Senado aprovou esta semana mudanças no texto da  Medida Provisória 802/17 . Entre elas, a que incluiu as plataformas eletrônicas de serviços financeiros, ou fintechs, como repassadoras de microcrédito.

As fintechs usam inovações tecnológicas, como Inteligência Artificial, Big Data e Analytics, para disponibilizar produtos financeiros através de canais digitais. Neste modelo, o cliente já não precisa de qualquer interação física com as instituições. O atendimento e os serviços são oferecidos  através da internet e dos aplicativos para dispositivos móveis,  com condições mais atraentes para os clientes, como abertura de conta pela internet,  cartão de crédito sem anuidade, taxas de crédito menores, etc, além de maior agilidade e menor burocracia.

No mercado de crédito, por questões legais, as fintechs atuam normalmente como prestadora de serviços para uma instituição parceira (um banco ou uma financeira) que irá realizar a operação de crédito. Outras, ainda, atuam de forma a unir a empresa que precisa de crédito com diversas instituições diferentes, em busca da melhor combinação

No caso do microcrédito, segundo o texto da MP aprovado na comissão mista do Congresso, as fintechs somente poderão atuar vinculadas ou contratadas por bancos comerciais, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pela Caixa Econômica Federal,  cooperativas e sociedades de crédito.

A MP pretende também desobrigar as fintechs e demais instituições financeiras de exigirem garantia na concessão dos empréstimos. "Ao identificar que a pessoa tem potencial, o banco pode não exigir a garantia. É uma questão de avaliação da qualidade do risco que ela apresenta", disse à Agência Câmara o deputado Otavio Leite (PSDB-RJ), autor do relatório aprovado.

As fintechs inovam, sobretudo, em relação à análise de risco de crédito, considerando não só o  histórico dos clientes como pagadores, como também seus traços comportamentais. Algumas companhias já estão se especializando em perceber os traços comportamentais dos clientes  a partir das postagens que fazem nas redes sociais, da força dos seus relacionamentos na sua rede de contatos, do seu histórico de navegação, geolocalização, ou mesmo por testes psicológicos. Cruzando uma infinidade de dados  é possível ter boas predições sobre seu risco de não pagar um empréstimo.

Para o deputado Otavio Leite as duas medidas vão contribuir para tornar o microcrédito  mais conhecido da população e ampliar o acesso.

"A rede agora vai ser muito mais capilarizada e isso, certamente, pode fazer com que a economia em áreas mais populares se desenvolva. E quanto mais gente participando, mais competição. E quanto mais competição, menores os juros [para o tomador]", afirmou.

Por que isso importa?
O microcrédito disponibiliza crédito para empreendedores da base da pirâmide socioeconômica, geralmente pessoas que criam micronegócios informais, como uma banca para venda de lanches ou uma loja de conserto de roupas.  Os clientes são, na maioria: costureiras, salões de beleza, bares, revendedoras de cosméticos, mini mercados etc.

Existe por uma razão: apoiar o crescimento de pequenos empreendedores em suas comunidades.

O valor do crédito depende da análise do crédito e da capacidade de pagamento do empreendimento. O valor mínimo é de R$ 300,00 e, de acordo com a necessidade e o porte do negócio, pode chegar até R$ 15 mil, ou um pouco mais, conforme a evolução do empreendimento. ​Os prazos são, em geral, de 04 a 24 meses.

A MP segue agora para votação nos plenários da Câmara e do Senado, já que o texto recebei emendas. Se aprovada, segue para sanção presidencial.

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As startups de serviços financeiros apostam em uma modalidade de negócio que torna a aquisição dos empréstimos mais fácil e rápida – o peer-to-peer lending (P2P)– empréstimo coletivo. É o caso da Nexoos (www.nexoos.com.br) – pioneira no país nessa categoria.

As empresas que buscam crédito para crescer no próximo ano têm diversos motivos para preferir negociar com as startups do que com os bancos tradicionais. Daniel Gomes, CEO da Nexoos, listou os cinco principais. Confira:

1. Tudo online

A análise de crédito é digital e 90% automática, com o uso de inteligência artificial – a Nexoos desenvolveu um algoritmo exclusivo para precificar as empresas. As métricas para aprovação se baseiam em dados que apontam o potencial do negócio, como consultas automatizadas aos bureaus de crédito, pré-análise automática e até avaliações de redes sociais das empresas requerentes.

2. Sem burocracia

O simples fato do processo ser online, o torna menos burocrático, uma vez que o empreendedor não precisa ir ao banco com uma lista de documentos e falar com diversas pessoas, até finalmente aprovar o empréstimo. Ele resolve tudo sem precisar se locomover e em menos tempo.

3. Rapidez

As empresas são apresentadas aos investidores cadastrados na plataforma durante a Rodada de Investimentos, que dura algumas horas, até que o valor solicitado seja arrecadado por meio dos aportes dos investidores na modalidade peer-to-peer lending (P2P) e a empresa recebe o valor total do empréstimo em até 7 dias. No banco esse processo leva em torno de 45 dias.

4. Taxa de juros mais baixas

As taxas de juros praticadas na Nexoos são bem menores que as vigentes nos bancos tradicionais, podendo ser até 70% menor. Elas são calculadas com base em dados quantitativos das empresas (tais como contrato social e extratos bancários) e qualitativos (como a presença e reputação online e potencial de crescimento do negócio).

5. Maior transparência

Uma das prioridades da Nexoos, reconhecida por seus clientes é a transparência nas informações apresentadas – tanto às empresas quanto aos investidores. "As taxas e condições são informadas em sua totalidade, de modo que não há 'surpresas' ou valores extras a serem pagos", explica o CEO.

Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.