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Cristina de Luca

E-commerce brasileiro deve faturar R$ 53,5 bilhões em 2018, diz Ebit

Cristina De Luca

09/03/2018 08h55

O e-commerce brasileiro faturou R$ 47,7 bilhões em 2017, um crescimento nominal de 7,5% em relação a 2016. E, este ano, deverá voltar a crescer dois dígitos, segundo projeções do relatório Webshoppers 37, divulgado nesta quinta-feira pela Ebit. O faturamento previsto para 2018 é de R$ 53,5 bilhões. Alta de 12% em relação ao ano de 2017.  Mais de 60 milhões de consumidores farão compras online este ano, impulsionando o setor.

Assim como já aconteceu em 2017, o aumento do número de pedidos deverá ser o principal indutor de crescimento. O volume de pedidos no e-commerce deverá ser 7,7% maior em 2018, atingindo um total de 119,7 milhões de pedidos.

E aqui  vale um parêntese: no auge da crise, em 2015 e 2016, a expansão do faturamento teve como vetor o aumento dos preços, que levou a um tíquete médio mais alto. Em 2017, a cesta de produtos do e-commerce registrou deflação (de acordo com o Índice FIPE Buscapé), e o  valor médio gasto pelo consumidor aumentou em menor proporção, fechando em R$ 429, expansão de 3%. Para 2018, a Ebit acredita que o valor do tíquete médio deverá ficar próximo a de R$ 446, com variação de 3,8% em relação ao ano anterior.

Ainda de acordo com o relatório Webshoppers, o ano de 2017 também foi marcado pela consolidação das vendas por meio de marketplaces. Levando-se em conta o mercado total de bens de consumo, incluindo sites de artesanato e sites de vendas de produtos novos/usados, o setor registrou um crescimento de 21,9% em 2017, atingindo R$ 73,4 bilhões. Para 2018, a expectativa é a de que o bom desempenho dos marketplaces também continue a ser um fator indutor para o e-commerce nacional.

A Ebit estima que 2018 será um ano para o e-commerce brasileiro voltar a crescer em ritmo mais acelerado, fortalecido principalmente pelas vendas via dispositivos móveis, crescimento do volume de pedidos e fortalecimento dos marketplaces.

Resumidamente, a Ebit entende o marketplace como o espaço disponibilizado por grandes redes varejistas online para venda de produtos por lojas parceiras (terceiros ou sellers), em troca do pagamento de comissão. Somente com as vendas de produtos oferecidos por lojas parcerias, o setor movimentou cerca de R$ 8,8 bilhões no ano passado, representando cerca de 18,5% do total de vendas no comércio eletrônico no Brasil.

O relatório ressalta ainda que  os marketplaces inauguraram definitivamente a entrada de fabricantes (indústria) na venda direta para consumidores finais, uma vez que facilita o acesso aos clientes que antes eram totalmente desconhecidos do setor. Outra vantagem é que, apesar dos pedidos acontecerem no varejo, ou seja, um a um, os fabricantes podem receber as vendas de forma mais rápida, negociando seus prazos com os marketplaces, diminuindo assim a necessidade de capital de giro e risco de atrasos de pagamentos, como ocorre tradicionalmente nas vendas no atacado (B2B).

Uma das maiores vantagens em comprar de lojas parceiras em marketplaces é que tais lojas podem oferecer "melhores preços", de acordo com 78% dos respondentes, para produtos de excelente qualidade e dos mais variados tipos. Por outro lado, 16% dos consumidores declararam que as opções de frete oferecidas pelas lojas parceiras geram insatisfação.

A pesquisa também mostrou que os consumidores realizaram em média 5 compras em lojas parceiras em 2017, sendo que 58% deles efetuou 4 ou mais compras no ano, o que demonstra a grande capacidade de aumento de frequência de compras apresentado pelo modelo marketplace.

Desempenho em 2017
Mais de 55 milhões de consumidores fizeram pelo menos uma compra virtual no ano passado. Um aumento de 15% em relação à 2016.

Entre os destaques do ano passado estão o aumento das vendas através dos dispositivos móveis, o pagamento à vista e a gratuidade no frete. Varejistas aumentaram a oferta de frete grátis nas compras online. Entre o 4T16 e o 4T17 houve um aumento de 6 pontos percentuais (36% para 42%), influenciado pelo incentivo ao uso de aplicativos e retirada em lojas físicas de produtos.

Em 2018, vendas móveis responderão por mais de 30% do total
Em 2017, 27,3% das compras foram realizadas via smartphones ou tablets. Este ano,a participação deverá apresentar um crescimento robusto, passando a representar 37% das compras no último trimestre.

Outro destaque para o setor foram as compras à vista ou em até três parcelas. Em 2016, 42,2% das compras tiveram pagamento à vista e em 2017 esse número aumentou, chegando a 49,8% do total de compras. De acordo com o relatório, a venda à vista continua aumentando e já podemos dizer que quase metade de todas as vendas online foram com pagamento sem parcelamento.

Categorias
A categoria de Moda e Acessórios manteve a liderança e aumentou a sua participação nas vendas. Mas a categoria de Telefonia/Celulares atingiu a primeira posição em relação a faturamento. Destaque também para alimentos e bebidas, que entra pela primeira vez no ranking das dez principais categorias do e-commerce.

Cross Border
A pesquisa da Ebit registrou que 48% dos entrevistados declararam ter comprado em sites de outros países, com queda de 5 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Nos últimos dois anos, mais da metade dos compradores online ativos havia feito compras em
sites internacionais.

Apesar da queda percentual de consumidores que compraram fora do Brasil em 2017, o número de consumidores ativos (que fizeram pelo menos uma compra) cresceu 6% no ano. Mais de 22 milhões de brasileiros fizeram compras em sites internacionais e gastaram, em média, US$36,8 (cerca de R$117,8).

Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.