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Cristina de Luca

iTorpedos: Por que as ações de tecnologia foram parar no vale da morte

Cristina De Luca

21/11/2018 23h14

Foi uma terça-feira tenebrosa, com os três principais índices do mercado de ações dos EUA oficialmente no vermelho para o ano de 2018. E as ações de tecnologia tiveram grande participação nisso.

Ontem, o índice NYSE FANG +, que inclui Tesla (TSLA), Twitter (TWTR) e Nvidia(NVDA) além das famosas ações da FAANG (grupo que inclui Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google), caiu abaixo da média móvel de 50 dias em 5 de outubro. Um mês depois, a média móvel de um dia cruzou abaixo de sua média móvel de 200 dias – um sinal técnico chamado " morte cruzada".

Hoje, o índice S&P 500 e o Nasdaq Composite fecharam em alta, embora bem abaixo dos níveis anteriores. O Dow, no entanto, continuou no vermelho, fechando  abaixo de um ponto, com 24.464,69 – sua terceira derrota diária consecutiva. Entre as empresas de tecnologia, as ações da Apple continuaram em queda (- 3,07%). As da Netflix também caíram. O Google permaneceu estável, enquanto Facebook e Amazon subiram.

É grave a crise. No último mês e meio, todas as empresas do grupo FAANG perderam mais que 20% do seu valor de mercado. O que significa que o valor coletivo das ações dessas empresas caiu mais de US$ 1 trilhão. Nesse período, a Apple teve a queda mais expressiva em relação ao seu valor de mercado, seguida pelo Facebook. Contabilizando a terça-feira, segundo o New York Times, a Apple, que valia mais de US$1 trilhão no início de novembro, hoje é avaliado em US$ 880 bilhões.

Os motivos?

Há alguns pontuais, no caso da Apple e do Facebook.

Desde o anúncio dos fracos resultados trimestrais do Facebook, pós Cambridge Analytica, o mercado viu a Amazon e a Apple sinalizarem a expectativa de vendas menores para as festas de final de ano. Um volume bem abaixo do esperado por Wall Street, fazendo com que ambas as ações fossem atingidas. A Alphabet (controladora do Google), também desapontou os investidores com custos mais altos de aquisição de tráfego, o que levou a uma perda de receita consensual no terceiro trimestre.

No geral,  o problema é mesmo o fato de o crescimento das empresas de tecnologia estar desacelerando, junto com a economia dos EUA, na opinião dos investidores. O dólar americano caiu mais de 2% nos últimos dois pregões (segunda e terça) e as taxas de juros caíram drasticamente nas últimas duas semanas. As ações de tecnologia estão sofrendo demais com toda a ansiedade econômica, na opinião de analistas da Entrepreneur.

As ações da FAANG sempre recebem atenção especial de Wall Street e dos investidores, muito por conta dos altos valores de mercado, por serem líderes e por sua liderança ser considerada fundamental para empurrar o mercado de ações para cima. Na verdade, as ações da FANG (excluindo a Apple) foram responsáveis ​​por metade dos ganhos acumulados no ano pelo S&P 500 até a primeira semana de agosto de 2018.

No entanto, quando atingiram seus máximos neste verão e início do outono, as ações da FAANG pareciam, no sentido apropriado, desvirtuadas. Até este início de semana. Se estamos diante de uma acomodação natural ou de uma ova bolha, só o tempo dirá.

♦ Mudando o mundo? – Adam Lashinsky, da Fortune, comentando a recente crise do Facebook, resumiu bem: "As empresas do Vale do Silício gostam de fingir que são especiais de alguma forma moral, ética ou existencial. Acontece que eles são apenas empresas". Eventos como esse recente estão fazendo com que as pessoas (incluindo os investidores) comecem a exercitar um pouco mais de ceticismo sobre as empresas de tecnologia.

♦ Bem-vindo Bert! – Completar o pensamento de outra pessoa não é um truque fácil para a Inteligência Artificial. Mas novos sistemas, como o Bert, do Google, já conseguem desempenhar a tarefa com certa consistência. Nos últimos meses, os pesquisadores mostraram que os sistemas de computação podem aprender os caprichos da linguagem natural de maneira geral e depois aplicar o que aprenderam a uma variedade de tarefas específicas. A demonstração de classificação de frases do BERT está disponível gratuitamente no Colab Cloud TPU.

♦ E o futuro da fotografia… – Está no código! Câmeras não pode ficar muito melhores do que já são sem algumas mudanças bastante radicais na forma como funcionam. E essas mudanças não virão por intermédio de componentes físicos como lentes, obturadores e sensores. Virão por intermédio de algoritmos altamente sofisticados. O futuro da fotografia é o avanço da fotografia computacional.

♦ O e-mail Marketing segue firme –  O marketing por e-mail mudou drasticamente nos últimos anos e vários palestrantes do INBOUND 2018 compartilharam insights sobre como continuar tendo retorno com a prática. A IDG selecionou seis deles.

♦ Fraude também na instalação de aplicativos – Algumas pesquisas sugerem que mais de um quarto das instalações de aplicativos são fraudulentas.  "A fraude acontece quando o pagamento acontece. Se os anunciantes estiverem pagando por impressão, os fraudadores encontrarão maneiras de aumentar as impressões.A fraude na instalação de aplicativos funciona de forma muito semelhante. Se os anunciantes pagarem por instalação, os fraudadores encontrarão uma maneira de falsificar o número de instalações", comentou Stefano Vegnaduzzo, vice-presidente sênior de ciência de dados da Integral Ad Science.

♦ Fim dos beacons? – A plataforma Android deixará de suportar beacons Bluetooth. Uma ideia promissora que não chegou a decolar no mercado, na opinião de Benedict Evans. A justificativa do Google? "No início deste ano, notamos um aumento significativo de notificações locais irrelevantes e com spam que levavam a uma experiência ruim para s usuários", comenta o anúncio dirigido aos desenvolvedores. Aqueles que quiserem continuar usando beacons terão que optar pela API Proximity Beacons.

♦ 5G em risco – A implementação bem-sucedida de serviços 5G ultrarrápidos depende do acesso oportuno ao volume e ao tipo de espectro adequados no próximo ano, adverte a GSMA em um posicionamento divulgado hoje. De acordo com o documento 'Espectro para 5G: posição de Políticas Públicas da GSMA', governos em todo o mundo começaram a leiloar o espectro para redes 5G. No entanto, considerando as variações na quantidade de espectro atribuído e as condições onerosas impostas (além do custo de acesso a esse espectro), a velocidade, o alcance e a qualidade dos serviços 5G podem variar drasticamente entre os países.

A GSMA explica: O 5G precisa de faixas de frequência mais amplas para suportar velocidades mais altas e maiores volumes de tráfego. Reguladores que disponibilizam 80-100 MHz de espectro por operador em bandas médias de 5G principais (por exemplo, 3,5 GHz) e cerca de 1 GHz por operador em bandas de ondas milimétricas vitais (ou seja, acima de 24 GHz), suportarão melhor os serviços 5G super rápidos.

"O futuro do 5G depende, em grande parte,  das decisões a serem tomadas pelos  governos na WRC-19 no próximo ano", afirmou o diretor de Espectro da GSMA, Brett Tarnutzer. "Sem um forte apoio do governo para alocar espectro suficiente para a próxima geração de serviços móveis, será impossível alcançar a escala global que tornará o 5G barato e acessível para todos".

Vale lembrar que o processo de alocação e limpeza de bandas leva tempo, e se os governos não se envolverem na eleição das bandas no cenário internacional atual, serão forçados a implementar mais tarde o que os pioneiros decidirem. Entendeu, Anatel?

Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.