Topo

Cristina de Luca

Facebook revelará sua criptomoeda na próxima semana

Cristina De Luca

14/06/2019 15h16

A notícia é do Wall Street Journal. O Facebook lançará um white paper sobre a sua nova moeda digital na próxima semana (fala-se no dia 18, terça-feira). E já conta com apoios expressivos da Visa, Mastercard, PayPal Holdings e Uber, entre as empresas que já se inscreveram como parte do consórcio para controlar a nova moeda. Cada uma investiu US$ 10 milhões no projeto, de acordo com o WSJ.

Até agora, pouco se sabe sobre a criptomoeda do Facebook, além das possibilidades do nome, e de que venha a ser uma "stablecoin", uma moeda atrelada ao valor de uma moeda fiduciária como o dólar americano.

No mês passado, o Facebook criou uma nova empresa na Suíça, chamada Libra Networks, que se concentrará em "investimentos, pagamentos, financiamento, gerenciamento de identidade, Analytics, Big Data, Blockchain e outras tecnologias", segundo documentos oficiais divulgados pela Reuters. A rede social também adquiriu recentemente a marca registrada "Libra", de uma empresa de blockchain com o mesmo nome, que desde então foi renomeada. Os dois movimentos aumentaram a especulação em relação ao nome da sua criptomoeda: Libra. Outra possibilidade é a manutenção do nome interno, GlobalCoin.

Além disso, a rede social planeja ceder o controle da criptomoeda a investidores externos, uma medida que visa encorajar a confiança no sistema de pagamento digital e tranquilizar os reguladores financeiros, segundo os analistas. Daí todo o esforço feito pela equipe do Facebook nos últimos meses junto a dezenas de instituições financeiras e outras empresas de tecnologia para se unirem a uma fundação independente que contribuirá com capital e ajudará a administrar a moeda digital.

O Facebook planeja usar cerca de US $ 1 bilhão, que espera gerar com taxas de licenciamento, para apoiar a criptomoeda,  além de usar uma cesta de moedas e títulos de baixo risco, de vários países, como lastro, disseram pessoas a par do assunto ao The Information. Apoiar o token com reservas de ativos tradicionais ajuda a garantir que o  seu valor permaneça estável, ao contrário de outras criptomoedas propensas a flutuações de preços drásticas, como o próprio bitcoin.

Uso misto
Também segundo pessoas próximas ao projeto que vêm conversando com a imprensa americana, embora a criptomoeda esteja sendo projetada pensando principalmente nos usuários  de aplicativos de propriedade do Facebook, incluindo o Messenger e o WhatsApp, a empresa estaria planejando formas de usá-la também em pagamentos no mundo físico. Segundo essas mesmas pessoas, o Facebook estaria planejando oferecer bônus para os usuários, em parceria com os comerciantes que aceitarem a criptomoeda como método de pagamento em suas lojas online e físicas.

A empresa também planejaria oferecer terminais físicos semelhantes aos caixas eletrônicos, onde as pessoas poderiam trocar o dinheiro corrente pela criptomoeda. A ideia é a de que a Libra, ou a GlobalCoin, funcione sem fronteiras, sem taxas de transação e seja agressivamente comercializada em países em desenvolvimento, onde as moedas apoiadas pelo governo são mais voláteis.

Mark Zuckerberg insinuou suas ambições para a criptomoeda na conferência de desenvolvedores da empresa em abril: "Acredito que deve ser tão fácil enviar dinheiro para alguém como enviar uma foto", disse ele à platéia. Mas quando foi questionado sobre o projeto nas reuniões gerais da empresa, o CEO se recusou a fornecer detalhes. Em vez disso, deu respostas vagas sobre como o blockchain tem muitos casos de uso que a empresa está explorando.

Hoje, algumas perguntas importantes permanecem no ar:

1 – O que o novo projeto significa para toda a indústria de criptomoedas?

2 – Será que vamos ver outras grandes empresas de tecnologia entrarem na briga dos criptoativos?

3 – Como o projeto afetará os negócios do Facebook? O que os investidores da FB devem pensar?

4 – Como o projeto afetará o escrutínio regulatório no Facebook ?

Por isso, a próxima semana promete….

Comenta-se que o Facebook lançará sua moeda digital em cerca de uma dúzia de países até o primeiro trimestre do ano que vem. Mas os testes devem começar até o final deste ano. A rede social tem tecnologia e recursos, mas a confiança será a moeda que realmente determinará o sucesso do seu projeto de criptomoeda.

Uma coisa é certa: se bem sucedida, a entrada da rede social no mercado de criptoativos tornará difícil, mesmo para os críticos mais sinceros, negar a próxima onda da cripto economia. A adoção em massa está chegando, de um jeito ou de outro.

Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.