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Cristina de Luca

Wearable Tech será uma indústria de US$ 54 bilhões até 2023, diz GlobalData

Cristina De Luca

07/08/2019 10h05

A medida que os dispositivos vestíveis, como relógios e fones inteligentes, se tornam mais úteis, inclusive no mercado corporativo, o mercado mundial começa a ganhar tração. A edição mais recente do relatório  "Wearable Tech – Thematic Research", da GlobalData, projeta crescimento de 19% ao ano, passando de US$ 23 bilhões em 2018 para US$ 54 bilhões em 2023.

O mercado consumidor será impulsionado pelas vendas de smartwatches, a medida que recursos como conectividade celular, monitoramento de saúde e, principalmente, o pagamento sem contato, começam a cair no gosto dos mais jovens. Em contraste, as vendas de rastreadores de fitness estão caindo, devido às suas capacidades limitadas quando comparadas aos smartwatches.

De fato, os relógios inteligentes estão avançando rapidamente para a área de saúde e diagnóstico. O relatório da GlobalData sai logo depois de Apple anunciar 400 mil participantes inscritos no Apple Heart Trial, um estudo com o objetivo de rastrear a fibrilação atrial (FA).

Se a tecnologia vestível puder diagnosticar com sucesso a fibrilação atrial, isso pode aumentar significativamente a quantidade de pacientes elegíveis para o tratamento, já que o teste diagnóstico se expandirá para pacientes que não fazem exames de rotina, dizem os entusiastas da tecnologia. Porém, ainda que o potencial para revolucionar os cuidados de saúde e os testes de diagnóstico seja crescente, ainda há muitas questões em torno da precisão desses dispositivos.

Empresas de tecnologia inovadoras como Apple, AliveCor, Qardio e Withings estão pressionando para lançar dispositivos de monitoramento de eletrocardiograma (ECG) para acessar o crescente mercado de wearables dos EUA. No entanto, esses ECGs não substituirão as consultas médicas até que a tecnologia melhore e mais evidências clínicas tenham sido coletadas para a precisão dos dados, diz a própria GlobalData. Os fabricantes também terão que encontrar meios para resolver efeitos colaterais muito comuns, como a ansiedade e o estresse associados ao monitoramento constante.

De todo modo, números de outros estudos comprovam que o mercado de smartwatches surfa a boa onda dos cuidados com a saúde. De acordo com pesquisa do serviço WCD (Wearables Device Ecosystems), os embarques globais de smartwatches cresceram impressionantes 44% ao ano, de 8,6 milhões de unidades no segundo trimestre de 2018 para 12,3 milhões no segundo trimestre de 2019. A Apple manteve a primeira posição com 46% de participação no mercado mundial, enquanto a Samsung retornou para o segundo lugar, com a Fitbit caindo para a terceira posição.

Além do crescente mercado consumidor, a adoção de tecnologia vestível por empresas também está aumentando, graças à atividade nos mercados de logística, seguros, fintech e defesa.

"A tecnologia wearable incorpora mais do que apenas dispositivos de pulso. Smart earwear, ou hearables, tornaram-se uma categoria mais proeminente com o surgimento de dispositivos que incorporam assistentes virtuais ativados por voz, como o Siri, da Apple, ou o Google Assistant. Os aparelhos auditivos também têm o potencial de igualar ou mesmo exceder o desempenho dos smartwatches quando se trata de fornecer serviços de monitoramento de saúde", explica Ed Thomas, analista-chefe da Technology Thematic Research.

A  eMarketer define  os hearables como dispositivos que podem operar alguns recursos sem estarem conectados a outro dispositivo. Outras organizações o definem de forma diferente, incluindo entre eles dispositivos de ouvido conectados ao Bluetooth, incluindo Airpods. Já a maioria das pessoas os descreve como dispositivos que enviam dados biométricos ou sinais de áudio para smartphones e integram aplicativos ou assistentes pessoais.

Essencialmente, o que temos hoje é um microcomputador que cabe no nosso canal auditivo e utiliza a tecnologia sem fio para complementar e aprimorar sua experiência auditiva e, cada vez mais, nossa comunicação com o mundo conectado ao redor.

A primeira vez que ouvi falar em  "hearables" foi em fevereiro de 2018, quando um artigo da Fast Company levantou a possibilidade de o futuro da interação por voz estar nos nossos ouvidos. Na reportagem, analistas de mercado sustentavam a tese de que os ouvidos têm algumas propriedades extremamente valiosas para embalar essa tendência. 

Entre os primeiros segmentos impactos pela tendência dos hearables enriquecidos por IA e assistentes digitais ativados pela voz está realmente o de Healthcare. Na CES 2019, a Starkey anunciou que seus aparelhos auditivos Livio AI incluirão uma nova versão do seu próprio assistente, o Thrive, integrado com o Google Assistant e o Alexa, à preferência do freguês. O Thrive tratará localmente de questões relacionadas à solução de problemas e ao aparelho auditivo, resolvendo questões do tipo "Qual configuração estou usando?" ou "Quanta energia resta em minhas baterias?", enquanto Google Assistant e Alexa se encarregam de perguntas mais gerais serão enviadas para a nuvem. Recurso  ativado com um duplo toque no dispositivo ou através de um aplicativo.

E as aplicações na área de saúde e cuidados pessoais vão muito além de ajudar pessoas com deficiência auditiva a melhorar suas condições de escuta. O próprio Livio pode detectar quedas. O Jabra Sport Pulse, o Sony B-Trainer, o SMS Audio Biosport, o Huawei R1 Pro e o LG HR Earphone,  podem monitorar a frequência cardíaca, graças ao uso de sensores biométricos desenvolvidos em parceria  com a Valencell, uma empresa norte-americana que desenvolve tecnologia  biométrica para produtos audíveis.

Muitas empresas ainda estão tentando descobrir o nicho que seu produto irá atender. Já existem fabricantes trabalhando em sensores para produtos audíveis que poderão habilitá-los à medir a temperatura corporal e a pressão arterial, oximetria de pulso, sinais de eletroencefalograma e muito mais. 

O Gartner  previu em novembro de 2018 que os dispositivos hearables devem ultrapassar as remessas mundiais de smartwatches até 2022, quando somarão 158,43 milhões de unidades, contra 115,20 milhões de smartwatches.

Segundo a GlobalData, a Apple também detém uma forte posição no segmento de hearables, onde os AirPods são líderes de mercado. 

A equipe da Apple se vangloria de que o negócio de wearables da empresa agora é do tamanho de uma empresa Fortune 200. Outros players bem posicionados em tecnologia wearable incluem Huawei, Google, Samsung e Xiaomi.

Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.