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Cristina de Luca

Começa o protesto online para defesa da neutralidade de rede nos EUA

Cristina De Luca

12/07/2017 12h32

Sem a neutralidade da rede, os provedores de serviços de Internet (ISPs) podem bloquear seu conteúdo favorito , acelerar ou diminuir a velocidade da rede para prejudicar o conteúdo dos concorrentes ou fazer você pagar mais para acessar filmes e outros conteúdos de entretenimento disponíveis online. É o que diz a  EFF no material promocional do Dia de Ação em defesa da neutralidade de rede.

Hoje, 12 de junho, centenas de sites se organizaram para mostrar ao órgão regulador americano, a Federal Communications Commission (FCC), quão importante o princípio de neutralidade é para a Internet livre e aberta.

Alguns estão interrompendo temporariamente o acesso às suas páginas exibindo um banner com a mensagem de que estão "bloqueados" e que somente atualizando os planos de acesso para a versão "premium" é possível continuar a navegar. Na sequência, o mesmo banner informa que isso é apenas um exemplo do que pode acontecer se a FCC der às grandes empresas de cabo controle o que seus usuários poderão ver e fazer online. Outros, adotaram banners preparados por organizações como a Fight for the Future (nas imagens).

O objetivo é fazer barulho e sensibilizar o Congresso americano. Pressionar os legisladores a defenderem das regras atuais. Algo considerado mais importante, hoje,  do que tentar influenciar a  própria FCC, como feito em 2014, quando  a comissão foi inundada com cerca de 4 milhões de comentários em resposta a uma proposta para permitir a priorização paga do tráfego internet.  Desta vez os organizadores do protesto pretendem mobilizar um número ainda maior de usuários  com o objetivo de levar o Congresso a barrar os planos da FCC de  reverter os regulamentos de 2015,  que passaram a tratar a banda larga como um serviço essencial, ao estilo de saneamento. A atual administração da FCC quer reclassificar o acesso à internet como um serviço móvel privado.

"Hoje estamos dando aos assinantes uma prévia da sua experiência na Internet se a FCC desmantelar as regras da neutralidade em vigor", disse Corynne McSherry, diretora legal da EFF. "A AT & T, a Comcast e a Verizon poderão bloquear seu conteúdo favorito ou orientá-lo para o conteúdo que eles escolherem – muitas vezes sem que você saiba disso. Aqueles sem bolsos afortunados – bibliotecas, escolas, startups e entidades sem fins lucrativos – serão relegados às pistas lentas da Internet ".

Ajit Pai, atual presidente da FCC, argumenta que as regras atuais colocam uma "camisa de força burocrática" na indústria de telecomunicações, diminuindo os investimentos na expansão do acesso e inovação em banda larga. Já as grandes operadoras americanas, como Comcast e Verizon, argumentam que apoiam os princípios de neutralidade da rede, de não bloqueio e limitação, mas se opõem à estrutura regulatória imposta pelas regras de 2015.

A FCC vai aceitar comentários sobre sua proposta até 17 de julho – uma decisão final virá apenas após análise das opiniões recebidas.

 

Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.