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Cristina de Luca

#Conexão 23: Os CIOs e a grande mídia. Quatro visões sobre ruptura digital

Cristina De Luca

03/08/2017 17h14

Em tempos de transformação digital, a fila anda, e muito rápido, para as empresas que conseguem enxergar na tecnologia a ferramenta de mudança dos negócios. A única mudança possível, aliás, para conseguir emparelhar com as exigências e interesses do consumidor conectado e omnichannel.

Todas as verticais econômicas sofrem nesse momento para entender o que fazer, como mudar, como inovar, como migrar do modelo antigo para o novo e manter o negócio funcionando, enquanto ajeitam as novas fontes digitais de receita. A mídia não é exceção e nem preciso alinhar os dolorosos efeitos da mudança na receita das grandes empresas do setor como exemplo.

Mas uma das premissas de fazer direito a transformação digital é "all hands on the deck", ou seja, toda a companhia precisa estar envolvida nela ou a coisa não vai para frente. Aí entra a famosa parceria CIO+CMO, porque se toda empresa hoje é uma empresa de tecnologia, os gestores da TI e do marketing precisam trabalhar juntos.

Em mídia, isso significa entender como aproveitar todas as oportunidades das novas tecnologias emergentes para fazer mais dinheiro, e como desviar das balas perdidas dos problemas que são gerados pelas mesmas tecnologias. Uma empresa de mídia hoje precisa saber aplicar e usar tecnologia para executar um monte de tarefas centradas em dados, como métricas de audiência, análise de mídias sociais, implementação cross-platform de apps, e mais um monte de outras novidades que, somadas, representam as fronteiras da transformação digital.

A CIO.com, nos Estados Unidos, resolveu perguntar a quatro CIOs (Chief Information Officers) de grandes grupos de mídia como o cenário de mudança rápida estava afetando suas empresas e o que eles estavam fazendo a respeito. Vale a pena ver um sumário do que eles disseram, e você confere logo abaixo:

David Kline – VP Executivo e Chief Technology Officer (CTO) da Viacom

"Para entregar conteúdo de primeira linha e endereçar as mudanças no comportamento do consumidor, precisamos inovar continuamente. Mais do que nunca a busca é por pessoas com perfil técnico e mente altamente criativa. Montar o time certo é vital para ter sucesso e evoluir nos negócios.

Os investimentos da Viacom em Ciência de Dados e Machine Learning nos garantem melhores insights sobre os fãs [dos programas] e entendimento de como, quando e por que eles interagem com nosso conteúdo. Esse conhecimento se traduz em melhor apoio para os times de vendas de publicidade, programação e marketing que por sua vez entregam mais valor ao anunciante.

Também estamos comprometidos em entender o potencial de tecnologias emergentes na área de desenvolvimento e distribuição de conteúdo, tais como wireless 5G ou fibra direto nas casas, o que criaria vantagens para a Viacom e mais proximidade com o consumidor. Na criação de conteúdo, experimentação com novos produtos digitais para plataformas móveis e uso de Realidade Aumentada ou Realidade Virtual fazem parte do processo de achar novos caminhos para tornar única a experiência do consumidor".

Rob Dravenstott – VP Sênior e CIO da Dish Network

"A definição de TV está mudando e o mais importante hoje é dar ao consumidor recursos para ver o que quiser, onde e quando quiser, por valores que ele deseje pagar. Para chegar a esse ponto, a DISH sabe que precisa adaptar suas ofertas na velocidade da mudança da preferência dos consumidores.

A chave de estar competitivo é garantir que a empresa inteira entende a mudança na expectativa do consumidor. O jeito de fazer isso foi criar um programa imersivo de treinamento de quatro semanas, chamado Base Camp, que inclui os funcionários de vendas, atendimento ao consumidor e atendimento doméstico (instalação).

Também mudamos a forma como entregamos soluções de software. Instalamos uma central de desenvolvimento no meio da comunidade de tecnologia de Denver, em espaços diferenciados e próximos das startups de tecnologia. Com isso passamos a trabalhar de forma colaborativa com as startups para inovar com produtos, serviços e até estilo de trabalho. O aprendizado do escritório em Denver foi levado para os escritórios centrais, cujo espaço também se transformou.

Para acelerar nosso Time to Market, estamos adotando nuvem pública, o que nos dá flexibilidade para suportar produtos dinâmicos em crescimento, como é o caso da Sling TV. A DISH e a Sling TV estão direcionando um mercado consumidor que está mudando em tempo real e estamos desenvolvendo novas formas inovadoras de entregar vídeo e serviços conectados a milhões de consumidores.

Sam Chesterman – CIO Global da IPG Mediabrands

"O cenário da mídia muda a uma velocidade que já começa a ser medida em horas, e a mudança tecnológica exige que adaptemos nossos sistemas de dados e buscas na mesma velocidade. O crescente número de dispositivos conectados (IoT, mobile, etc.) para nós acaba representando um crescimento sem fim na quantidade de portas de mídia que se abrem. Ao mesmo tempo, há um número igualmente gigante de pontos de dados e tipos de dados disponíveis para a mídia que crescem na mesma proporção, criando um ciclo que nos permite identificar corretamente a audiência e fazer o target correto das plataformas, atendendo de forma mais direta a nossa base de clientes e permitindo comprar mídia mais assertiva para suas necessidades.

A capacidade de receber e digerir todos esses dados é um desafio. Primeiro porque a quantidade de dados é gigante, bem como sua variedade de tipos e formatos. Segundo, porque é preciso manter esses dados seguros. Isso quer dizer ajustar nossos sistemas para garantir que os dados estão criptografados não apenas quando estão parados mas também quando estão em trânsito. Para isso é preciso ser aderente a um grande número de leis internacionais e locais ligadas à privacidade dos dados e informar nossos clientes que regras se aplicam e onde".

Steve Palmucci, VP Sênior e CIO da TiVo

"O cenário de mídia, particularmente ligado ao vídeo, está mudando de muitas formas. As fronteiras que separam a posse do conteúdo e a distribuição estão ficando acinzentadas. A consolidação do setor está acontecendo na medida em que a concorrência tenta criar ou expandir as escalas e os disruptores apresentam mudanças na forma como o conteúdo é entregue e é consumido. Liderando a mudança vem a adoção crescente do conteúdo "over-the-top" (OTT). Tudo isso leva à necessidade de personalizar a experiência do usuário.

Do ponto de vista do consumidor, isso vai levar a mais escolhas sobre o conteúdo que querem, quando querem e como querem consumi-lo. Embora vá levar tempo para tudo isso se materializar, os provedores estão trabalhando em novas formas de entrega em um mercado altamente competitivo e claramente a mídia é o principal motor por trás disso.

Recursos emergentes como IPTV, gravação na nuvem, playback, e interações baseada em voz são algumas das novidades. Com o tempo, coisas como latência e largura de banda não serão mais desafios, mas entregar a melhor experiência possível para o usuário em um mundo de soluções híbridas será.

Para a TiVo IT, um dos objetivos primários é juntar TI com os times de engenharia de produto para suportar mais efetivamente os esforços de criar experiências memoráveis de entretenimento em nossos produtos B2B e B2C. A TI não pode ficar de fora e precisa ajudar a acelerar a inovação suportando desenvolvimento e entregas rápidas.

Estamos avançando para um cenário de automação da TI, com suporte a ferramentas nativas em cloud e isso está sendo feito em TI e em engenharia de produto. Abraçamos completamente plataformas de infraestrutura de cloud, ambas pública e privada, como formas de atingir essa flexibilidade. Estamos avaliando PaaS (plataforma como serviço) como opção para mais agilidade. E movendo a tecnologia para operacionalmente suportar novos recursos e programas na medida em que eles vão sendo entregues para o consumidor".

Para ler o artigo completo, acesse http://www.cio.com/article/3209976/it-industry/how-global-media-companies-handle-digital-disruption.html

Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.