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Cristina de Luca

Facebook identificará propaganda política também no Brasil

Cristina De Luca

24/07/2018 19h57

O Facebook confirmou nesta terça-feira (24/7) que vai identificar os anúncios pagos relacionados às eleições deste ano no Brasil como "propaganda eleitoral". A ferramenta de transparência mostrará o CPF do político responsável pela propaganda bem como a legenda à qual é filiado. Já os anúncios de partidos vão conter o CNPJ da agremiação.

Para anunciar será preciso fazer um cadastro no Facebook. Neste processo, a plataforma vai verificar a identidade do responsável e sua residência, com o intuito de evitar que pessoas de fora do país possam impulsionar propaganda política.

O cadastramento será disponibilizado a partir do dia 31 de julho e a propaganda será exibida a partir de 16 de agosto. Caso um candidato ou partido não se cadastre e divulgue posts pagos sem o selo, ficará sujeito à fiscalização do Tribunal Superior Eleitoral.

Outra novidade com foco nas eleições é o que o Facebook chama de Biblioteca de Anúncios, uma espécie de repositório, onde usuários poderão ver os posts pagos relacionados à política. Também a partir de 16 de agosto, qualquer pessoa poderá ver todos os anúncios eleitorais – ativos e inativos – em uma biblioteca, que também mostrará a imagem e o texto dos anúncios, além de informações adicionais, como o valor aproximado gasto e as informações sobre o público demográfico impactado por cada anúncio. Nela, os usuários poderão ver também posts políticos. Este repositório vai reunir tanto as publicações impulsionadas ativas quanto as que já foram divulgadas, permitindo que o eleitor possa verificar quais são as mensagens difundidas por seu candidato ou por concorrentes.

De passagem pelo Brasil, Katie Harbath, diretora global de engajamento com políticos e governos do Facebook, diz que as eleições no Brasil são uma prioridade para o Facebook, razão pela qual a plataforma vem trabalhando para evitar que pessoas mal-intencionadas utilizem a desinformação para prejudicar o processo democrático.

"Estamos dando passos significativos para trazer mais transparência aos anúncios e Páginas no Facebook. Em junho, lançamos a possibilidade de as pessoas verem todos os anúncios que uma Página está veiculando no Facebook e no Instagram, mesmo que esses anúncios não tenham aparecido em seu Feed de Notícias. Você também pode saber mais sobre as Páginas, mesmo que elas não anunciem. Por exemplo, você pode ver quaisquer alterações de nome recentes e a data em que a Página foi criada. Todas as Páginas agora têm uma seção "Informações e anúncios" no menu à esquerda, onde todos os anúncios ativos são exibidos. Quando se trata de anúncios políticos, queremos ser ainda mais transparentes – e o Brasil é o segundo país do mundo onde estamos lançando marcações que informam às pessoas quem pagou pelos anúncios relacionados à política, além da ferramenta Biblioteca de Anúncios, que hospedará por 7 anos os anúncios relacionados à política", escreveu a executiva em um artigo publicado na plataforma.

Nele, Harbath comenta também sobre ferramentas criadas com o objetivo de tornar mais fácil para os eleitores se informarem antes das eleições. São elas:

– Aba "Temas" – O Facebook lançou recentemente a aba Temas em Páginas com conteúdo político para que as pessoas conheçam mais sobre a visão de políticos em temas como educação, emprego, segurança e economia.

– Registro de Eleitores – Em maio, o Facebook rodou no Brasil um lembrete para o Registro de Eleitores no Feed de Notícias.

– Town Hall – O Facebook lançará o recurso Town Hall no Brasil antes das eleições, o que permitirá que as pessoas localizem, sigam e contatem seus representantes.

– Informed Voter Button – Antes das eleições, os brasileiros verão o Informed Voter Button, que redireciona as pessoas para a Página das autoridades eleitorais com informações úteis.

– Megafone – No dia das eleições, as pessoas verão uma mensagem no Feed de Notícias, lembrando sobre a votação, e também vinculando informações sobre locais de votação.

Restrições para segmentação
Também hoje, nos EUA, o Facebook anunciou que removerá algumas opções de segmentação para resolver a investigação dos direitos civis iniciada pelo Procurador Geral Bob Ferguson, do estado de Washington.

A rede social não permitirá mais que os anunciantes segmentem determinados anúncios com base na raça, origem nacional, status de deficiência e outras características protegidas pelas leis americanas de direitos civis.

Os anunciantes também deixarão de ter a opção de excluir pessoas com certas "afinidades étnicas" impedindo-as de ver anúncios de moradia, crédito, empregos, seguros e locais públicos (incluindo restaurantes, faculdades e estádios esportivos). A ideia é evitar discriminação com base em raça, origem nacional, orientação sexual, deficiência e outros fatores cobertos pelas leis dos direitos civis.

"A plataforma de publicidade do Facebook permitiu a discriminação ilegal com base em raça, orientação sexual, deficiência e religião", disse Ferguson em um comunicado divulgado nesta terça-feira . "Isso é errado, ilegal e injusto", completou.

Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.