ICANN adia decisão sobre a disputa pelo domínio .Amazon
Cristina De Luca
29/09/2017 16h45
Atualizado às 16h45, com correções
A Internet Corporation for Assigned Names and Numbers ( ICANN, órgão regulador do sistema de nomes de domínio da Web) decidiu adiar sua decisão sobre a disputa pelo domínio genérico de primeiro nível (gTLDs) ". AMAZON" entre a gigante Amazon Inc. e os países da região Amazônica, como Brasil e Peru, provavelmente para 2018. Também está devolvendo para a empresa metade dos custos com o recurso ao Painel de Revisões Independentes (IRP, na sigla em inglês), equivalente a 163 mil dólares.
Só para recordar, em maio de 2014 a ICANN decidiu acatar a recomendação de seu Comitê Consultivo Governamental (GAC) e rejeitar o pedido da empresa Amazom Inc. para o registro do novo gTLD ".AMAZON", bem como as suas traduções chinesas e japonesas – que, inclusive, já haviam passado pelas primeiras etapas do processo de registro.
A empresa de Jeff Bezos não se conformou, recorreu, e este ano, no dia 11 de julho, o Painel de Revisões Indepentes (IRP, na sigla em inglês), órgão da própria ICANN, decidiu a favor da Amazon Inc e recomendou que o conselho da reconsidere a decisão sobre o domínio .AMAZON em favor da empresa.
Como já abordei aqui, a ICANN tem uma decisão difícil à frente. Por um lado, há o GAC e a tensão gerada pelos governos sobre uma maior participação deles nas decisões da entidade.
"A participação de governos não se resume só a verificar está tudo de acordo com alguma legislação internacional", defendeu em entrevista recente o embaixador Benedicto Fonseca Filho, diretor do Departamento de Temas Científicos e Tecnológicos do Itamaraty e representante do Brasil no Government Advisory Committee (GAC)
Do outro lado, está um grupo de registradores que deseja transformar os novos domínios genéricos de primeiro nível em um grande e lucrativo negócio para a ICANN, e que vê na negativa de atribuição do domínio à gigante da internet um balde de água fria nas suas pretensões.
Pressão não falta.
A diretoria da ICANN admitiu que a Amazon é parte na questão e adiantou o pagamento das custas do processo no Painel de Revisões Indenpendentes.
Mas também solicitou ao Board Accountability Mechanisms Committee (BAMC) que reveja e considere a recomendação do Painel de Revisões Independentes de que o conselho "reavalie prontamente as solicitações da Amazon" e "faça um julgamento objetivo e independente sobre a existência de razões de interesse público bem fundamentadas para negar o domínio à Amazon ".
Argumenta que uma revisão e análise adicionais da recomendação do Painel de Revisões Independentes não terá qualquer impacto direto na segurança, estabilidade ou resiliência do sistema de nomes de domínio.
Em tempo: pesa a favor da Amazon o fato de a empresa ter obtido o registro do domínio .AMAZON em caracteres chineses e japoneses.
Caso a decisão do da diretoria da ICANN seja favorável aos países da região amazônica, ela deverá explicar as razões que sustentam a decisão, segundo determinação do Painel de Revisões Independentes.
Minha aposta é a de que a diretoria vai postergar a tomada de decisão para até maio de 2018, junto com outras resoluções, como a da segunda revisão da ccNSO.
A propósito, foram feitas quatro propostas, sendo que três apoiaram o adiamento da segunda revisão da ccNSO. Um resumo dos comentários pode ser encontrado aqui [PDF, 381 KB].
Sobre a autora
Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.
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Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.