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Google substitui 'Primeiro clique grátis' por 'Amostragem flexível'

Cristina De Luca

02/10/2017 23h11

O Google confirmou hoje que substituirá sua política de "Primeiro clique grátis" (First Click Free ) pelo que está chamando de programa de "Amostragem Flexível" (Flexible Sampling), com o intuito de ajudar as empresas de mídia (especialmente os grandes jornais americanos) a ganhar assinantes. O movimento destina-se a tornar mais fácil para os usuários acessar os conteúdos pagos dessas publicações.

"Embora, as últimas pesquisas tenham demonstrado que as pessoas estão acostumadas a pagar para acessar notícias, o processo — algumas vezes trabalhoso — de fazer um cadastro pode levar as pessoas a desistirem. Isso não é bom para os usuários e nem para os editores, que enxergam as assinaturas como uma fonte cada vez mais relevante de receita", explica a gigante de Mountain View.

Para quem não acompanha de perto a polêmica,  política de "Primeiro clique grátis" exigia que editores oferecessem um mínimo de três artigos gratuitos por dia por meio da Busca e Google Notícias, antes que as pessoas fossem direcionadas a um paywall. Com o Flexible Sampling, os editores decidirão quantos artigos gratuitos desejam oferecer a potenciais assinantes, de acordo com suas estratégias de negócios.

"Editores sabem melhor do que ninguém determinar o limite de amostras grátis que desejam compartilhar", argumenta o Google.

De acordo com a empresa, essa mudança tem como base pesquisas feitas pela empresa, comentários dos editores, além de testes feitos por vários meses com o New York Times e o Financial Times, que operam serviços de assinatura bem-sucedidos.

Mas acontece depois da pressão feita por algumas grandes empresas de mídia. Especialmente, a News Corp, controladora do Wall Street Journal, que se rebelou contra a política do "Primeiro clique grátis" por, na sua opinião, estar reduzindo as vendas. Este ano, o Wall Street Journal deixou de respeitar a política do Google e, embora tenha sido penalizado com o rebaixamento de seus conteúdos no ranking da busca, acabou aumentando o seu número de assinantes.

"O falecimento do First Click Free (Second Click Fatal) é um passo importante no reconhecimento do valor do jornalismo legítimo e da proveniência na Internet", escreveu o CEO da News Corp, Robert Thomson,

Acontece que o Google continua convencido de que, de forma geral, os editores reconhecem que permitir acesso gratuito a algum conteúdo é uma das formas de convencer as pessoas a comprarem seus produtos. Poder experimentar antes de comprar reforça o que muitos editores já sabem — eles precisam fornecer alguma forma de degustação gratuita para ter sucesso na internet. "Se quase nada for oferecido, poucos usuários vão clicar ou compartilhar links desse tipo de conteúdo, o que poderá afetar o alcance de uma marca e, em seguida, afetar o tráfego de seu site ao longo do tempo", diz o Google..

Por isso muitas delas investem no que hoje é chamado de paywall poroso, que permite que as pessoas vejam um número predeterminado de reportagens gratuitas antes que um paywall entre em ação.

O Google recomenda que o paywall poroso seja mensal, em vez de diário, por que desta forma ele "permite que os editores tenham mais flexibilidade para testar o número de reportagens gratuitas oferecidas e encontrar as pessoas mais propensas a fazer uma assinatura". E afirma que 10 artigos gratuitos por mês é um bom ponto de partida.

Antes de anunciar a mudança, o Google tratou de testar a Amostragem Flexível com o New York Times e o Financial Times , ambos com serviços de assinatura bem sucedidos.

Suporte de assinaturas
O Google também reafirmou hoje que está pesquisando como o Machine Learning pode ajudar os editores a reconhecer potenciais assinantes e apresentar a oferta certa para o público certo no momento certo.

E trabalhando no sentido de aproveitar suas tecnologias de pagamento e identificação para ajudar as pessoas a fazer uma assinatura no site de uma publicação com um único clique e, em seguida, acessar esse conteúdo a partir de qualquer lugar — seja no site ou aplicativo da editora, no Google Play Banca, na Busca ou no Google Notícias.

"Como os tipos de conteúdo de notícia e os modelos de assinatura são bem variados, estamos colaborando com editores do mundo todo para construir um mecanismo de assinatura que possa atender às necessidades de uma variedade de modelos de negócio — em benefício tanto do setor de notícias quanto dos consumidores", diz o Google.

A empresa também publicou um conjunto de melhores práticas, detalhadas,  para ajudar as editoras a implementar amostragens flexíveis e facilitar a inscrição dos leitores. Os dois tipos de amostragem que o Google aconselha aos editores a usar são a medição – que fornece aos leitores uma quota de artigos gratuitos para consumir antes de encontrar um paywall – e a lead-in, que oferece uma parte do conteúdo de um artigo sem que seja mostrado na íntegra antes do preenchimento de um cadastro.

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Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.