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Especulação em torno de prováveis aquisições da Apple agita o mundo digital

Cristina De Luca

03/01/2018 19h09

Ao apagar das luzes de 2017, dois analistas da empresa financeira Citi Research, Jim Suva e Asiya Merchant, emitiram uma nota a seus clientes na qual afirmam que a Apple tem 40% de chances de comprar a Netflix, informa a Business Insider. No fundo, tudo não passa de mera especulação de mercado. Com qual intenção, difícil saber.

Segundo os analistas do Citi, desde o último ano a Apple tem demonstrado interesse em ingressar no mercado de streaming e acirrar a concorrência que já está consideravelmente aquecida depois que a Disney anunciou a retirada de seu conteúdo da Netflix e o investimento em seu próprio serviço de transmissão, em 2019. Para isso, a Disney comprou a Fox e adquiriu também uma fatia majoritária no Hulu, serviço rival da Netflix nos Estados Unidos. Além disso, corre no mercado que o Facebook também estaria trabalhando em sua própria plataforma de streaming.

Para concorrer, a Apple precisa se mexer. Nos últimos anos, a empresa de Cupertino vem tendo dificuldades em oferecer um serviço competitivo de TV ou de filmes. O iTunes teve algum sucesso, mas os usuários migraram depois para serviços de streaming como Netflix, Amazon Prime Video e Hulu. Então faz sentido que ela pense em investir numa empresa forte para conquistar uma fatia considerável de mercado.

Hoje, o Netflix é o grande rival a ser batido… Ou se faz isso melhorando a própria condição concorrencial, como fez a Disney, ou tentando uma aquisição amigável ou hostil. Na forma amigável, o adquirente faz uma oferta para o Conselho de Administração, que faz uma recomendação aos acionistas. Na forma hostil, o comprador faz a oferta diretamente para os acionistas, ignorando o Conselho. Os próprios acionistas decidem o que fazer com suas ações.

Teoricamente, dinheiro para fazer uma oferta a Apple vai ter, segundo os analistas do Citi. Eles sustentam sua análise na tese de que, com a nova legislação de incentivos fiscais aprovada pelo Congresso americano, a Apple pode repatriar até US$ 250 bilhões (montante que cresce US$ 50 bilhões ao ano),  pagando uma taxa baixa de imposto (10%). "Historicamente, a Apple evitou repatriar dinheiro para os EUA para evitar grandes taxações. Por isso, a reforma tributária pode permitir que a empresa coloque o dinheiro em uso", dizem os analistas na nota.

Esse dinheiro, segundo eles, pode ser gasto para abrir um mercado novo no qual a companhia já tenha interesse, ou ampliar participação em um segmento onde ela venha enfrentando problemas. O streaming se encaixa nos dois casos. Mas segundo os próprios analistas do Citi, também é possível que esse dinheiro seja investido no mercado de videogames — com a Apple comprando a Electronic Arts  —  ou, ainda no mercado de veículos autônomos. E aí a candidata seria a Tesla, na opinião deles.

Outras grandes empresas também são citadas como alvos potenciais da Apple no documento. A Disney, por exemplo, aparece com chances de aquisição entre 20% e 30%, embora o documento tenha sido escrito antes de a Disney comprar os ativos de TV da Fox. E esse foi um dos motivos da nota ter provocado certo ceticismo, com muitos analistas observando que os colegas do Citi não usaram informações internas, e até públicas, da Apple ou das demais empresas citadas,  para fazer suas previsões.

"Seria chato e óbvio dizer aos seus clientes que a Apple continuará  fazendo aquisições menores (como a compra do  Shazam no mês passado ), ou aumentando os gastos com pesquisa e desenvolvimento e comprando ações. É muito mais divertido dizer que fará algo emocionante como comprar Netflix, Disney ou Tesla", criticou Karl Kaufman, em artigo para a Forbes.

Vale lembrar que, no fim de dezembro, a Apple anunciou a aquisição da empresa canadense Vrvana, fabricante do headset de Realidade Aumentada Totem, por US$ 30 milhões.  E a companhia também já anunciou planos para produção de vídeo. Segundo reportagem do Wall Street Journal, a Apple deve investir cerca de US $ 1 bilhão para adquirir e produzir conteúdo original este ano.

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Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.