Brasileiro consome 19 horas de vídeo online por semana
Cristina De Luca
21/09/2018 09h51
O tempo que os brasileiros dedicam para assistir vídeos online aumentou 135% nos últimos quatro anos, passando de 8,1 horas semanais, em média, em 2014, para 19 horas por semana em 2018. No mesmo período, o tempo gasto com a TV cresceu 13%, passando de 21,9 horas semanais, em média, para 24,8 horas. Os números são de um pesquisa divulgada pelo YouTube esta semana, durante o Brandcast 2018.
Em sua quinta edição, o estudo Video Viewers, realizado pela Provokers, ouviu 3,2 mil brasileiros em dois momentos distintos: 3 mil através de uma pesquisa quantitativa, one e off-line, em julho deste ano e 200 em uma pesquisa qualitativa, entre fevereiro e março, junto com a Box 1824.
De acordo com o estudo, a maior parte (80%) dos entrevistados procura na internet por conteúdos que não estão disponíveis na TV, enquanto 47% buscam conteúdos que não puderam assistir no horário de exibição da grade televisiva e 27% buscam aprofundar assuntos que viram em programas da TV.
Apenas 18% dos consumidores declaram ter atenção exclusiva enquanto usam TV. Nos últimos 3 anos, o percentual caiu quase 25%. Cada vez mais a TV divide atenção com atividades online.
A maioria dos entrevistados continua a usar o smartphone como principal dispositivo para assistir a vídeos na web, mas há espaço para outros dispositivos. No total, 75% declararam usar esses dispositivos, mas o uso de Smart TVs mais que dobrou no último ano.
Motivação
A partir de uma amostra de 8 mil vídeos, o estudo revela ainda que Entretenimento, Conhecimento, Conexão e Identidade são os territórios de necessidade que guiam o consumo de vídeos no país.
O YouTube foi a plataforma usada para ver 15% desses vídeos. Índice que o coloca à frente de outras plataformas de vídeo online e de canais de TV aberta e paga no Brasil – ficando atrás apenas da TV Globo, por 3 pontos percentuais.
Publicidade em alta
Por que você, marca, deve prestar muita atenção nesses dados? Por que o vídeo online vem se tornando um importante conteúdo para a publicidade. A pesquisa Digital Adspend 2018, do IAB Brasil, revelou que a publicidade em vídeo online respondeu por 22% dos R$ 14, 8 bilhões investidos em publicidade digital no país em 2017. Publicidade em vídeo ficou com R$ 3,2 bilhões do bolo, 48% a mais do que em 2016. E a curva de investimento continua ascendente, especialmente em relação à propaganda em vídeos em dispositivos móveis.
Semanas atrás, durante o 6º IAB AdTech & Data, realizado pelo IAB Brasil, Julio Tortorello, Head of Sales da Vivo Ads, mostrou que formatos de publicidade em vídeo nos dispositvos móveis têm uma aceitação muito grande no mercado brasileiro.
Até o Instagram decidiu surfar a onda, ao oferecer a possibilidade de veiculação de vídeos de até uma hora de duração no novo recurso IGTV.
"O IGTV é uma clara tentativa do Facebook, dona do Instagram, em rivalizar com o YouTube. As duas gigantes da tecnologia duelam diariamente pela preferência das pessoas. Ao incluírem recursos que agradam os mais diferentes estilos e perfis, as redes sociais competem pelo ativo mais valioso no ambiente online: a atenção dos usuários – com a consequente monetização por meio de anúncios", comenta Ricardo Inforzato, diretor de Planejamento e Estratégia da agência de Marketing Pílula Criativa, em artigo recente.
Não por acaso, durante o Brandcast 2018, o YouTube fez questão de revelar também dados de performance de alguns anunciantes no Brasil.
- FORD: fazendo uso da estratégia Blasts, que concentra investimentos num curto período de tempo, tem explorado o potencial tanto em eficiência de investimento como de geração direta de resultados:
- Só o Blast de lançamento do novo Ka, por exemplo, gerou quase 100 mil visitas às concessionárias em 1 mês;
- Por ser uma estratégia de impacto em escala, a visibilidade da marca e seus produtos cresce a cada Blast, chegando a impactar mais de 27 milhões de pessoas no YouTube em apenas dois dias;
- A solução foi criar uma estratégia de Blasts programados ao longo de todo o ano de 2018;
- Aumento no volume de store visits geradas via Youtube, chegando a custo de R$ 15 por visita, lembrando que o ticket médio da marca está por volta de R$ 50 mil;
- Estratégia aplicada no Brasil está sendo replicada em outros mercados: a Tailândia já apresentou ótimos resultados de negócio e o México e a Índia já incluíram um Blast para este ano.
- MAGAZINE LUIZA: estratégia para a Copa do Mundo, tanto para trabalhar os atributos da marca como para gerar resultados diretos:
- 1 milhão de inscritos no canal;
- 1 milhão de visitas na loja com a campanha Sai Zica;
- 1 milhão de telas vendidas ao todo na Copa do Mundo.
- CLARO: com o objetivo de impulsionar vendas em um dos dias mais concorridos do ano, Dia das mães, o YouTube permitiu uma integração das ações da marca e um acompanhamento completo da jornada de compra do cliente, gerando:
- 24 milhões de visualizações do vídeo;
- Aumento das 200% de conversões nas vendas no plano + aparelho;
- Crescimento de 800% de conversões na venda do aparelho.
- McDONALDS: para a campanha do festival do Cheddar, a marca utilizou todo o potencial de alcance para ter uma comunicação de massa e, ao mesmo tempo, usando insights para entregar mensagens diferenciadas, gerando:
- Anúncio com uma taxa de visitas ao site de 35%;
- Redução do custo em 3,5% por visita ao site;
- Aumento de 50% de vendas em comparação com o período anterior.
- O BOTICÁRIO: para o projeto "Desejos de Make", a marca desenvolveu uma plataforma de dicas de maquiagem rápidas para o dia a dia, usando o YouTube tanto como plataforma de conteúdo como de publicidade: 52% das consumidoras que foram impactadas pelos vídeos acabaram comprando maquiagens de O Boticário.
Aqui, como no mundo…
No mundo, o mercado de publicidade em vídeo, compreendendo TV e vídeo digital, deve crescer de US $ 91 bilhões em 2018 para US $ 103 bilhões em 2023.
Esse crescimento, no entanto, virá quase inteiramente do lado de vídeo online, de acordo com estudo da Forrester Analytics. Embora a TV continue a garantir a participação dos leões na publicidade em vídeo, o crescimento do vídeo online nos próximos cinco anos será significativo.
"Com uma população e horas finitas em um dia, ter mais usuários em mais categorias também implica fragmentação", diz o relatório. "O vídeo online é um beneficiário dessa fragmentação, com a atenção exclusiva do espectador para a TV começando a diminuir".
A Forrester estima que a participação dos anúncios em vídeo online crescerá de cerca de 21% em 2018 para 34% em 2023, acompanhando o aumento da quantidade de tempo que os consumidores gastarão assistindo a streaming de vídeo.
Cerca de 200 milhões de telespectadores nos EUA assistirão a vídeos online em 2018, não muito longe do público de 258 milhões de telespectadores. Nos próximos cinco anos, espera-se que o público da TV caia, e a visualização online cresça.
" O streaming gratuito continua dominante, já que a maioria dos espectadores está disposta a aceitar anúncios para visualizar conteúdo mais barato e com maior tempo de retorno", diz o relatório da Forrester. "Dois terços dos adultos online dos EUA dizem que não se importam em ver anúncios em vídeos online em troca de conteúdo de vídeo gratuito; e 72% dizem que preferem assistir a um programa de TV que contenha anúncios imediatamente do que esperar por uma versão sem anúncios. "
Sobre a autora
Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.
Sobre o blog
Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.