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#TellNet: Telegram, o caso Moro e você

Cristina De Luca

14/06/2019 11h30

Por Arley Brogiato *

Provavelmente você já tinha ouvido falar do Telegram antes do epsódio recente envolvendo o caso Lava Jato.  O Telegram é um serviço de mensagens instantâneas baseadas na nuvem, semelhante ao WhatsApp; foi lançado em 2013. Diferentemente que muitos pensam, apesar de ter sido criado pelos irmãos russos Nikolai e Pavel Durov, o Telegram é uma plataforma registrada em Londres. Em 2018, o serviço contava com 200 milhões de usuários ativos em todo o mundo. Portanto, uma plataforma menos difundida do que o WhatsApp, com 1,5 bilhão de usuários (dado de 2019).

O que sabemos até agora sobre o vazamento?

Em relação ao vazamento de conversas mantidas pelo Ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol, não há informações concretas de como os dados foram capturados. Oficialmente, o Telegram não assume ou reconhece qualquer falha em seu código ou roubo de dados em seus servidores. A empresa afirma que não existem brechas para violações. Seus gestores confiam tanto em seu sistema que oferecem U$ 300,000.00 a quem conseguir quebrar o código de criptografia do Telegram.

Onde está a falha, então?

No Telegram, a comunicação fim a fim é criptografada, seja no modo cliente-to-client (quando a comunicação é entre usuários) ou mesmo cliente-to-server – quando é entre usuários e o servidor de aplicação.

Dentro deste quadro, nossa análise aponta para possíveis estratégias de invasão:

  1. Clonagem do cartão SIM:
    1. Há a possibilidade do ofensor ter tido ajuda de pessoas de dentro da operadora utilizada por Moro ou por Dallagnol. Isto permitiria que o ofensor pudesse receber um SMS em seu "novo" aparelho para possíveis resets de senhas. A partir daí, é bastante simples conseguir acesso às diferentes Apps nos smartphones dos usuários.
  1. O telefone ter sido invadido previamente:
    1. A invasão pode ocorrer a partir de diferentes meios. É o caso do recebimento de algum arquivo Office ou PDF contaminado e aberto, ou da instalação de algum App comprometido. Desta forma, o ofensor teria acesso a todo o dispositivo móvel do usuário e às mensagens trocadas com seus interlocutores.
    2. Outro meio comum de invasão é o phishing. Neste caso, o usuário clica em links recebidos por meio de e-mails ou mesmo por SMS, acreditando estar interagindo com empresas conhecidas. Mas, na verdade, a pessoa está sendo direcionada a páginas web contaminadas ou fakes. Isso abre o acesso de criminosos digitais ao smartphone do usuário.

Como você pode se proteger contra esse tipo de ataque?

  1. Tenha alguma solução anti vírus instalada em seu dispositivo.
    1. Nos principais celulares Android, o Google Play Protect é nativo. Já nos telefones mais antigos tal recurso não existe, exigindo que alguma proteção deste nível seja instalada, oferecendo uma camada adicional de proteção. Faça essa operação sempre através das lojas de aplicativos oficiais.
    2. Dispositivos Apple operam de forma diferente. Entra em cena a tecnologia Sandbox, que impede que o malware invasivo acesse outras áreas de dados. A Apple também não permite que você baixe Apps que não sejam de sua loja de aplicativos.
  1. Cuidado ao baixar aplicativos de sua loja de aplicativos.
    1. Muitos usuários acabam baixando Apps depois de uma busca, ativando o aplicativo de dentro desta página Web após avaliarem a descrição do aplicativo associado à nota de avaliação. Além da nota de avaliação, é fundamental considerar, também, a quantidade de downloads efetivos realizados e os comentários dados por estes usuários. Esses depoimentos de usuários nos mostram as características do recurso baixado e as experiências tidas por quem teve acesso a eles.
  1. Evite conectar-se a redes Wi-Fi abertas/gratuitas.
    1. Sua conexão pode estar sendo intermediada através de um dispositivo falso que se apresenta como se fosse a rede oficial do aeroporto, de um shopping center ou de um cyber café. Isso permite ao ofensor monitorar, de forma transparente, os dados do usuário.

Na era do BYOD (Bring your own device), Apps como o Telegram ou o Whatsapp tornam-se importantes ferramentas de trabalho que precisam ser tratadas como aplicações missão crítica, não simples plataformas de comunicação. Garantir a integridade do seu dispositivo móvel é, hoje, tão importante quanto prover segurança a um data center. Para isso, ganhar cultura em segurança e contar com ferramentas capazes de defender seus dados é essencial.

 

(*) Arley Brogiato é country manager da SonicWall Brasil

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Sobre a autora

Cristina De Luca é jornalista especializada em ambiente de produção multiplataforma. É diretora da ION 89, startup de mídia com foco em transformação digital e disrupção. Foi diretora da área de conteúdo do portal Terra; editora-executiva da área de conteúdo da Globo.com; e editora-executiva da unidade de Novos Meios da Infoglobo, responsável pela criação e implantação do Globo Online. Foi colunista de tecnologia da Rádio CBN e editor-at-large das publicações do grupo IDG no Brasil. Master em Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, é ganhadora do Prêmio Comunique-se em 2005, 2010 e 2014 na categoria Jornalista de Tecnologia.

Sobre o blog

Este blog, cujo nome faz referência à porta do protocolo Telnet, que é o protocolo de comunicação por texto sem criptografia, traz as informações mais relevantes sobre a economia digital.